ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA

 

 

SANTOS, Luciene Gil dos 

RESUMO

 

                     

O abuso sexual infantil é um problema de saúde, devido à elevada incidência  epidemiológica e aos sérios prejuízos para o desenvolvimento das vítimas. A dinâmica desta forma de violência é complexa, envolvendo aspectos psicológicos, sociais e legais. Este estudo apresenta o mapeamento de fatores de risco para o abuso sexual intrafamiliar identificados nos processos do Brasil por violência sexual.

Nesses estudos apresenta o perfil das vitimas e a caracterização da violência sexual, dos agressores e as famílias. Os resultados apontaram que o desemprego, famílias reconstituídas, e presenças de outras formas de violências constituíram os principais fatores de risco associados ao abuso sexual. Tais resultados podem subsidiar ações preventivas e terapêuticas para situações desse tipo de violência contra crianças.

 

Palavras- chave: abuso sexual infantil; dinâmica familiar; fatores de risco.

 

INTRODUÇÃO

 

Por ser uma temática que está no centro das atenções. E sendo motivo de discussões, o referido tema foi a opção escolhida, com o intuito de esclarecer possíveis dúvidas sobre o assunto, prevenir as famílias para que fiquem atentas aos comportamentos da criança e, ainda busca possibilitar a visibilidade do problema caso haja.

Para falar sobre o tema foi realizada uma pesquisa, com os objetivos de investigar a incidência e a prevalência do abuso sexual, bem como analisar indicadores psicológicos e sociais associados a este fenômeno.


 

Abuso Sexual Infantil

 

O abuso sexual contra crianças e adolescentes tem sido considerado um grave problema de saúde, devido aos altos índices de incidência e às sérias consequências para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da vítima.

 O abuso sexual ás crianças pode ocorrer na família, através do pai , do padrasto, do irmão ou outro parente qualquer. Esta forma de violência pode ser definida como qualquer contato ou interação entre uma criança e alguém em estágio psicossexual mais avançado do desenvolvimento na qual a criança estiver sendo usada para estimulação sexual do perpetrador. A interação sexual pode incluir toques, carícias, sexo oral ou relações com penetração (digital, genital ou anal). Também inclui , situações

Nas quais não há contato físico, tais como ,assédio e exibicionismo.

Estas interações sexuais são impostas às crianças ou pela violência física, ameaças ou indução de sua vontade. (Azevedo & Guerra, 1989; Thomas, Eckenrode & Garibalde 1997)

 

“O abuso sexual infantil (ASI) é definido como a exposição de uma criança a estímulos sexuais impróprios para sua idade, seu nível de desenvolvimento psicossocial e seu papel na família”. A vítima é forçada fisicamente ou coagida verbalmente a participar da relação sem ter, necessariamente, a capacidade emocional ou cognitiva para consentir ou julgar o que está acontecendo’’

                                 ( André Salame Seabra ) 

 

 No entanto, a maioria dos abusos sexuais cometidos contra crianças ocorre dentro de casa e são perpetrados por pessoas próximas, que desempenham papel de cuidador destas. Nesses casos, os abusos são denominados intrafamiliares ou incestuosos. Dessa forma, as relações sexuais, mesmo sem laços de consanguinidade, envolvendo uma criança e um adulto responsável (tutor, cuidador, membro da família ou familiar à criança) são consideradas incestuosas . Isto inclui madrastas, padrastos, tutores, meio irmãos, avós e até namorados ou companheiros que morem junto com o pai ou a mãe, caso eles assumam a função de cuidadores .

A familiaridade entre a criança e o abusador envolve fortes laços afetivos, tanto positivos quanto negativos, colaborando para que os abusos sexuais incestuosos possuam maior impacto cognitivo comportamental para a criança e sua família.

O abuso sexual intrafamiliar é desencadeado e mantido por uma dinâmica complexa. Tal dinâmica envolve dois aspectos que se apresentam interligado: a “Síndrome de Segredo”, que está diretamente relacionada com a psicopatologia do agressor (pedofilia) que, por gerar intenso repúdio social, tende a se proteger em uma teia de segredo, mantido às custas de ameaças e barganhas à criança abusada; e a “Síndrome de Adição” caracterizada pelo comportamento compulsivo do descontrole de impulso frente ao estímulo gerado pela criança, ou seja, o abusador, por não se controlar, usa a criança para obter excitação sexual e alívio de tensão, gerando dependência psicológica e negação da dependência (Funis, 1993). Além disso, outras formas de violência intrafamiliar podem estar associadas com o abuso sexual. Muito comumente, as crianças e adolescentes vítimas de abusos sexuais no contexto familiar são também vítimas de negligência, abusos emocionais e físicos. Isto se confirma através dos relatos das vítimas que revelam as ameaças e agressões físicas sofridas durante o abuso sexual, bem como as sentenças depreciativas utilizadas pelo agressor e a falta de amparo e supervisão dos cuidadores (Koller, 1999).

As famílias incestuosas apresentam relações interpessoais assimétricas e hierárquicas, nas quais há uma desigualdade e/ou uma relação de subordinação (Koller,1999). Alguns fatores de risco vêm sendo constantemente verificados em famílias incestuosas. Estes são: pai e/ou mãe abusados ou negligenciados em suas famílias de origem; abuso de álcool e outras drogas; papéis sexuais rígidos; falta de comunicação entre os membros da família; autoritarismo; estresse; desemprego; indiferença; mãe passiva e/ou ausente; dificuldades conjugais; famílias reestruturadas (presença de padrasto ou madrasta); isolamento social; pais que sofrem de transtornos psiquiátricos; doença, morte ou separação do cônjuge; mudanças de comportamento da criança, incluindo conduta hipersexualizada, fugas do lar, diminuição no rendimento escolar, uso de drogas e conduta delinquente.

O abuso sexual pode afetar o desenvolvimento de criança e adolescentes de diferentes formas, uma vez que algumas apresentam efeitos mínimos ou nenhum efeito aparente, enquanto outras desenvolvem graves problemas emocionais, sociais e/ou psiquiátricos. Algumas consequências negativas são exacerbadas em crianças que não dispõem de uma rede de apoio social e afetiva.

Apesar da complexidade e da quantidade de variáveis envolvidas no impacto do abuso sexual na criança, esta experiência é considerada um importante fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias.

Estudos aponta que crianças podem desenvolver quadros de depressão, transtornos de ansiedade, alimentares, dissociativos, hiperatividade e déficit de atenção e transtorno de personalidade. Entretanto, a psicopatologia decorrente do abuso sexual mais citada é o transtorno do estresse pós-traumático. Além disso, estas podem apresentar crenças disfuncionais envolvendo sentimentos de culpa, diferença em relação aos pares e desconfiança.

A idade de início é bastante precoce, sendo que a maioria se concentra entre os 5 e os 8 anos

de idade.

Segundo a Dra. Miriam Tetelbom, os casos de abusos começam lentamente através de sedução sutil, passando a prática de "carinhos" que raramente deixam lesões físicas. É nesse ponto que a criança se pergunta como alguém em quem ela confia, de quem ela gosta, que cuida e se preocupa com ela, pode ter atitudes tão desagradáveis.

Algumas vezes, entretanto, crianças ou adolescentes portadores de Transtorno de Conduta severo fantasiam e criam falsas informações em relação ao abuso sexual.

   O comportamento das crianças abusadas sexualmente pode incluir:

 

1. Interesse excessivo de natureza sexual;

2. Problemas com o sono ou pesadelos;

3. Depressão ou isolamento de seus amigos e da família;

4. Achar que têm o corpo sujo ou contaminado;

5. Ter medo de que haja algo de mal com seus genitais;

6. Negar-se a ir à escola,

7. Rebeldia e Delinquência;

8. Agressividade excessiva;

9. Comportamento suicida;

10. Terror e medo de algumas pessoas ou alguns lugares;

11. Retirar-se ou não querer participar de esportes;

12. Respostas ilógicas (para-respostas) quando perguntamos sobre alguma ferida em seus genitais;

13. Temor irracional diante do exame físico;

14. Mudanças súbitas de conduta.

 

Desta forma, tanto a criança, quanto a família necessitam de acompanhamento psicológico para compreender o que é abuso sexual e sua dinâmica, quais são suas consequências e como é possível evitar situações de violência. Além disso, a rede de atendimento desempenha um importante papel de proteção e apoio nesses casos.

 

 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

Azevedo, M. A. & Guerra, V. N. A. (1989). Crianças vitimizadas:

 

a síndrome do pequeno poder. São Paulo: IGLU.

 

Furniss, T. (1993). Abuso sexual da criança: uma abordagem

 

multidisciplinar. falta tradutor Porto Alegre: Artes Médicas..

 

Koller, S. H. (1999). Violência doméstica: Uma visão ecológica. Em

 

Violência doméstica (pp. 32-42). São Leopoldo: AMENCAR.

 

Thomas, M., Eckenrode, J. & Garbarino (1997).

 

Furniss, 1993.

 

André Salame Seabra.

 

Dr ª Miriam Tetelbom.

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